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Blog: Como equilibrar a transformação digital com o legado analógico?

Se você é um empreendedor ou gestor de uma empresa, deve estar sentindo o quanto o comportamento dos seus clientes mudou nos últimos anos. Até o início da década de 1990, não havia nada de tão estranho em alguém de 30 anos que não dominasse um computador. Hoje, senhoras e senhores com mais de 70 são usuários de internet vorazes, amanhã estes usuários terão mais de 100 anos de idade conectados à internet, viverão mais e com melhor qualidade de saúde.

A tecnologia se disseminou e agora quem está à frente de um negócio não para de se perguntar: como lidar com a transformação digital? A preocupação é legítima. Muitos negócios estão vendo a lógica dos seus mercados e nichos de atuação ser modificada profundamente em questão de poucos anos. Por isso, é comum que algumas empresas incumbentes – as dominantes de um determinado setor – ainda encarem a transformação digital como um risco, em vez de uma oportunidade.

É paradoxal, mas esse temor provoca uma reação oposta: na ânsia de proteger os negócios e não ficar para trás justo agora, nos novos tempos, há empresas que resolvem realizar a digitalização completa das suas operações de uma vez só. Estão bem intencionadas, é claro. Mas acabam cometendo erros que, a meu ver, podem ser fatais.

As dores da transformação digital

Períodos de transição costumam ser angustiantes, e essa é precisamente a situação de muitas empresas nascidas há mais de 15 ou 20 anos, quando a ebulição do ambiente digital era um pouco mais modesta. Ao mesmo tempo, também estou convicto de que mudanças bruscas e repentinas não são sempre o melhor caminho – ou talvez nunca.

Empresas que acumulam algumas décadas de existência possuem um enorme legado analógico. Incluo nesse pacote desde equipamentos até registros operacionais, estruturas de gestão e, claro, gente. No setor de telecomunicações, por exemplo, que é um dos líderes da transformação digital, dois terços das atividades do dia a dia ainda estão baseados na aplicação de componentes analógicos.

Em muitos setores, foram anos e anos trabalhando dessa maneira, que era o jeito conhecido, que dava certo e garantia as contas pagas no final do mês. Por isso, descartar o legado analógico de uma vez, em nome da transformação digital, representa um risco para as empresas: o de as operações, que até então funcionavam, simplesmente começarem a falhar.

Isso ajuda a entender porque a taxa de insucesso dos processos de transformação digital é tão elevada: calcula-se que cerca de 70% dos projetos não atinja os objetivos esperados. Só no ano passado, cerca de US$ 900 bilhões investidos em transformação digital foram jogados no lixo. (1)

Nem toda empresa é uma startup

Não quero dizer, com isso, que haja espaço para os negócios que não se transformarem. Definitivamente, não há. A maneira como fazemos quase tudo mudou, e isso não dependeu da minha vontade ou da sua. Mas é preciso reconhecer que nem toda empresa é uma startup, totalmente inserida no ambiente digital desde as primeiras notas fiscais. Encarar o novo pressupõe dominar o velho e substituí-lo gradativamente, ao mesmo tempo em que as ferramentas digitais são incorporadas ao dia a dia e o mindset (a forma de pensar) é atualizado.

A mudança do mindset, aliás, é provavelmente a parte mais complexa da transformação digital. Durante essa jornada, as empresas encontrarão colaboradores ainda analógicos, mas com vocação para a mudança. Elas certamente terão um papel importante na condução do processo. Mas as empresas também se verão diante de pessoas resistentes às novas formas de produzir, vender e servir, crentes em que os velhos costumes ainda são os melhores. Como evitar que isso freie o movimento?

Não há respostas simples para perguntas complexas, é claro. Mas acredito em respeitar os limites. No grupo Algar, temos testado cada vez mais o uso de metodologias ágeis em que a diversidade de perfis e habilidades é um requisito para o sucesso dos projetos. Conduzimos nossa própria transformação equilibrando digital e analógico. E seguiremos na velocidade mais alta que esse balanço nos permitir.

Escrito por Divino Sebastião de Souza – CEO do grupo Algar

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