É inquestionável a relevância do relatório de sustentabilidade como uma ferramenta para as organizações terem uma visão detalhada de seu desempenho nos âmbitos ambiental, econômico e social. A gestão da sustentabilidade, no entanto, não pode ficar limitada ao levantamento e à análise de uma série de dados apenas uma vez ao ano. Na verdade, os indicadores precisam ser monitorados em uma base frequente para fundamentar as tomadas de decisão do negócio, de modo que desvios sejam identificados rapidamente e mudanças realizadas no tempo correto para garantir o cumprimento das metas. Dessa maneira, a gestão da sustentabilidade se torna parte da rotina dos principais decisores da empresa.
Esse foi um dos grandes aprendizados ao longo da jornada de sustentabilidade da Algar Telecom, que se tornou a empresa modelo em práticas ambientais no setor de telecomunicações. Após a definição de quais indicadores deveriam ser gerenciados de perto a partir de seu nível de impacto, percebemos que não bastava acompanhar os números. Além de mostrar, por exemplo, em quanto estávamos reduzindo nossas emissões de CO2, precisávamos ir além e trazer para a linguagem do mundo corporativo os ganhos que uma gestão sustentável pode trazer.
Desenvolvemos, então, uma metodologia para monetizar os resultados dos projetos de sustentabilidade, deixando claro que esses não são sinônimo de custos, e sim de rentabilidade. O cálculo de quanto a empresa economiza sendo mais sustentável passou a ser apresentado mensalmente à diretoria. Ao inserir essa rotina de análise, tornando visíveis os retornos financeiros, conquistamos também um alto nível de sensibilização e, como consequência, ganhamos cada vez mais força para incrementar as ações.
Um exemplo prático foi o estímulo para que o abastecimento da frota utilizada pela companhia, que ultrapassa mil veículos, priorizasse o etanol. Para fazer acontecer esta opção, foi preciso influenciar a política de frotas para que esta privilegiasse veículos flex e mais eficientes, atuando assim muito antes do ato de abastecimento.
Além dos claros benefícios ambientais, conseguimos demonstrar o retorno financeiro gerado pela iniciativa: em 2018, obtivemos um ganho de R$ 685 mil pelo abastecimento de mais de 90% da frota de veículos com etanol, um combustível menos poluente. Outra grande conquista do ano foi a economia de R$ 1,2 milhão pelos projetos de eficiência energética.
No total, a empresa obteve em 2018 retornos e reduções de custos que somam mais de R$ 9 milhões. Números impressionantes, que só foram possíveis por conta do acompanhamento dinâmico realizado com o apoio fundamental de um Comitê de Sustentabilidade, com membros em todas as nossas mais de 20 regionais. São eles que repassam, semanalmente, informações sobre uso de água, consumo de papel, combustível, uso de energia, descarte de resíduos administrativos e outros tantos indicadores que compõem as atividades da área.
Graças a esse esforço conjunto, podemos dizer que hoje o trabalho contínuo de consolidação dos números é tão importante quanto o desenvolvimento prático das ações sustentáveis. Um trabalho que vai muito além da produção anual do relatório de sustentabilidade e que mostra que uma boa prática só evolui quando acompanhada de perto com indicadores, metas de desempenho e envolvimento da liderança.
* Cristiana Heluy é Assessora de Comunicação, Marca e Sustentabilidade da Algar Telecom.
Fonte: Teletime