Como uma Instituição de Ciência e Tecnologia voltada para inovação, o Brain tem duplo chapéu: além de tocar o programa de inovação aberta da companhia, é também um centro de P&D orientado ao desenvolvimento de soluções que respondam às necessidades da sociedade de maneira inovadora.
Sua missão é alinhar a necessidade da pesquisa sobre tendências tecnológicas e os desejos dos consumidores para criar produtos e serviços casados com a estratégia da Algar Telecom. E, dessa forma, contribuir para o reposicionamento dos negócios da companhia, tornando-a menos dependente da comunicação de dados. Tarefas naturais para essa mineira que, em seus mais 20 anos de Algar Telecom sempre esteve envolvida com o desenvolvimento de produtos e novos modelos de negócios.
O Brain tem quatro focos
Os quatro focos principais de pesquisa são: IoT (Internet das Coisas), Cyber Security (Segurança Cibernética), Cloud e SD-WAN. Na Algar Telecom, divisões que trabalham com essas tecnologias já representam 13,5% das receitas da empresa. “A meta do Brain era contribuir para o aumento da receita dessas linhas de negócio em 20% em cinco anos. Batemos a meta com dois anos de antecedência”, comenta Zaima, que agora tem o desafio de quadruplicar esse resultado.
Para isso ela tem trabalhado fortemente na mudança da cultura da empresa, valorizando os programas de intraempreendedorismo, de inclusão e de imersão. “Todos são capazes de propor soluções inovadoras”, afirma.
Tanto é assim que, no início deste ano, a Algar patenteou um produto idealizado e desenvolvido por dois funcionários de uma equipe de campo: uma máquina que permite o reaproveitamento de cabos, reduzindo o desperdício e o descarte inapropriado de fibra óptica. Algo bom para o meio ambiente, para a própria companhia e para os clientes, já que a solução acabou ajudando também a otimizar o tempo dos técnicos durante as instalações.
O papel do intraempreendedorismo
“O intraempreendedorismo tem um papel muito importante na transformação da cultura, uma vez que os colaboradores e parceiros são estimulados a trabalhar de novas maneiras, em times multidisciplinares, colocando o cliente no centro”, explica Zaima.
“No nosso caso, uma mudança de cultura. A disseminação, na companhia, da ideia de que a inovação não é apenas incremental e tecnológica. Ela é também a inovação do negócio, focada na jornada do cliente Colocando de fato o cliente no centro de tudo o que fazemos.
O que mudou?
Quando a gente começou a idealizar o Brain, há quatro anos, a gente visitou outros centros de inovação e percebeu que, primeiro, não havia uma receita de bolo, mas havia algo em comum entre eles. Todos trabalhavam com metodologias ágeis e Lean aplicadas ao negócio. Nos últimos três anos, o Brain capacitou mais de mil colaboradores da empresa nesse sentido.
Isso nos permitiu promover algumas outras disrupções na nossa organização. Hoje a gente tem linhas de negócios que estão de fato transformando o nosso portfólio em um portfólio de maior geração de valor para os clientes.
Em 20 anos de Algar Telecom pude viver a transição do conceito de inovação, primeiro da área tecnológica para área de marketing e depois para a área de negócio.
O que mudou, da visão que nós tínhamos para a necessidade ou o desejo de ter uma unidade de negócios específica para cuidar de inovação? Foi a oportunidade que enxergamos de fazer com que de fato a inovação trouxesse resultados tangíveis para empresa. Tangíveis e relevantes, porque a nossa inovação, até aquele momento, sempre foi muito voltada para os processos ou para a tecnologia. Para o incremental. A transformação digital não tinha uma estruturação muito bem traçada dentro da organização, com um plano. Com KPIs. Mas já existia o desejo de que, de fato, a inovação fosse contributiva.
Hoje a gente está, de fato, conseguindo fazer a transformação do negócio de conectividade, pura e simplesmente, para negócios em torno da conectividade, que gerem mais valor para os clientes. Produtos de segurança, produtos de gestão do serviço de telecomunicações, serviços SaaS, IaaS, de cloud de uma forma geral.
A base de trabalho no Brain
A base do nosso trabalho é de fato a colaboração, a parceria. Por isso, desde o início contamos com parceiros desenvolvendo soluções conosco. E aí parceiros de diversas naturezas. Grandes empresas, startups, academia, governos e, até mesmo os próprios clientes. Um verdadeiro ecossistema formado para resolver uma dor específica de um determinado cliente, que pode ser a dor de muitos.
Quando a gente está desenvolvendo uma solução, muitas vezes eu tenho até o próprio cliente na mesa conosco. A gente desenvolve a solução juntos, mas eu estou pensando na escala. Eu vou atender todos os clientes daquele determinado segmento.
Como funciona uma ICT?
O Brain, por ser uma ICT, ou seja, uma Instituição de Ciência e Tecnologia, tem alguns benefícios por isso, e alguns compromissos. Um desses compromissos é desenvolver soluções que respondam às necessidades da sociedade de maneira inovadora e tecnológica.
Os ICTs podem atuar em projetos para empresas na fase da ideação de soluções, concepção, desenvolvimento de MVPs (Minimum Viable Product), validação com o público-alvo e execução. A gente garante o go-to-market da inovação.
É importante pontuar que a gente tem alguma inovação voltada para pesquisa e desenvolvimento também, que aí é uma inovação mais voltada pra tecnologia em si. Mas esse estudo inicial de pesquisa e desenvolvimento que é feito, tecnológico, tem o objetivo de, ao ganhar a maturidade necessária, ser aplicado a uma solução e obviamente beneficiar o mercado e/ou a sociedade.
Por exemplo, esse ano registramos a patente de um produto criado a partir do nosso programa de intraempreendedorismo. A ideia surgiu a partir do Shark Tank organizado pelo Brain para o programa “Inovação em Campo”. Shark Tank tem esse nome por causa do programa da da Sony mesmo. Dois colaboradores, ambos supervisores operacionais das nossas equipes de campo, idealizaram uma máquina que permite o reaproveitamento de cabos ópticos, promovendo a sustentabilidade e eficiência na utilização de recursos, além da otimização de tempo dos técnicos durante as instalações.
Eles observaram o descarte de metragens de fibra óptica que, obviamente, é de vidro, demora muito tempo para ser absorvida no mundo, e por isso requer uma logística reversa para ser reciclada, e pensaram: Será que não dá pra melhorar isso? Será que existe alguma forma da gente diminuir esse descarte?
Todos os profissionais de uma organização, dos mais diferentes níveis hierárquicos, têm potencial para inovar. Com o apoio de métodos de ideação e a mentoria de profissionais qualificados, é natural que a inovação aconteça.
A missão do Brain é essa
Ele é um mix, com um pouco de aceleradora, um quê de incubadora, mais uma pegada de coworking… Mais fácil classificar mesmo de centro de inovação. Entre suas funções principais está a transformação do mindset da companhia. Uma das frentes em que atua é a de imersão, trazendo colaboradores de diversas áreas da empresa (engenharia, marketing etc.) para trabalhar por um tempo — longo, de seis a nove meses — em projetos do centro de inovação.
Hoje o Brain tem um foco no que chamamos de avenidas tecnológicas e um outro foco que são segmentos de mercado. Esse cruzamento é importante, porque é daí que saem as soluções.
Por Zaima Milazzo, Presidente do Brain – ICT da Algar Telecom
Leia a íntegra da entrevista na The Shift.